ELEIÇÕES, COPA DO MUNDO E VOCÊ: TUDO A VER!
Leandro de Moura Ribeiro1
Muitos fatos de grande relevância social acontecendo nesse 2010. Deixando de lado os assassinatos, sequestros, desmoronamentos, genocídios, infanticídios, enfim, todas as tragédias e atrocidades que vieram à baila nos últimos tempos, dois eventos se elevam, tornando-se foco dos brasileiros: a "almejada" Copa do Mundo de Futebol Masculino, e as "obrigatórias" Eleições para Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Distritais.
Os dois acontecimentos ocorrem de quatro em quatro anos, mas será que a receptividade e o interesse, por parte dos brasileiros, são os mesmos em ambos? É fácil arriscar um NÃO, até porque em maior ou menor grau um deve prevalecer sobre o outro, caindo mais nas "graças da maior nação sul-americana". Será difícil identificar qual dos dois, até então, é capaz de mobilizar um maior quantitativo de brasileiros?! Refletindo sobre uma das "maiores febres" da atualidade, principalmente entre os jovens, o "Twitter", nota-se que o assunto "Copa do Mundo" rendeu muito mais "ibope", e continua rendendo, uma vez que já se está discutindo a próxima "Copa".
É relevante analisar as semelhanças existentes entre a "Copa" e as "Eleições". Algumas características podem ser analogicamente observadas em ambos eventos. Algo comum é que as duas tratam, a priori, de escolhas, seja de jogadores, ou de representantes políticos. O técnico da Seleção Brasileira seleciona os jogadores que considera mais aptos a assumirem o papel de protagonistas da "Copa". Os eleitores brasileiros escolhem os indivíduos que vão assumir o papel de protagonistas do Brasil. Tanto na "Copa" quanto na "Política", em graus diferentes, o povo arrisca opiniões, dão palpites, fazem críticas... Mas será que, em ambos os casos, há fundamentação, embasamento, para tais manifestações? Será que ocorre um aprofundamento sobre o tema com o qual se atrevem a tratar com tanta convicção?!
Interessante notar que, como já mencionado, no caso da "Copa do Mundo", as decisões sobre os representantes se dão pelo técnico, não eleito pelo povo, este que se revolta, muitas vezes, com as escolhas feitas, surgindo discussões e frases do tipo "na hora da 'Copa', todo mundo é técnico", ou então, "todos sabem exatamente o que fazer, menos o 'treinador'". Não que eu defenda que as opiniões não devam ocorrem, longe disso! Mas, sinceramente, eu gostaria de sentir a mesma energia, ou a mesma vontade de um resultado positivo que ocorre nas Copas do Mundo nas nossas Eleições. Seria, deveras, interessante, que as pessoas tivessem o mesmo ímpeto que têm para "palpitar" na seleção de jogadores para a "Copa do Mundo", por exemplo, para selecionar os representantes do povo nas eleições.
Há que se lamentar por, nas "Eleições", não se sentir a mesma empolgação de uma "Copa". De uma hora para outra, parece que as pessoas se esquecem de que "AGORA, SIM", elas podem fazer a diferença, podem decidir o rumo do País. Isso me faz lembrar de expressões como "Deus não dá asa a cobra", ou ainda, "Na casa de ferreiro, espeto é de pau", ou "Santo de casa não faz milagre". PARA! Tudo é questão de conscientização, de todos nós sentirmos que somos parte desse País, e que podemos mudá-lo. E, se utilizássemos da mesma força que é empenhada em um campeonato desses, unidos, muita coisa poderia melhorar - e isso não é utopia, apenas constatação!
Passam-se quatro anos, no Brasil, em uma preparação para a próxima Copa do Mundo, que pode durar alguns meses, ou poucas semanas, dependendo do resultado dos jogos. Então, vivem-se quatro LONGOS anos à espera de um momento de decisão, de uma única situação que gerará resultados para os países participantes - não estou nem considerando o país-sede do evento, até porque sabemos das inúmeras questões econômico-financeiras e diplomáticas envolvidas em tudo isso, de modo que me atrevo a ficar apenas no âmbito do evento "mágico, fabuloso, brilhante e hipnotizador", realmente contagiante, e que acaba fazendo com que muitos de nós entremos na "'caverninha' de Platão", sem nos darmos conta - é óbvio! - de que não enxergamos realmente nada!
Mas como pode um evento que "cega" os brasileiros ganhar mais destaque do que as eleições? Ah... talvez a resposta esteja na própria cegueira! Inúmeros "cegos", deslumbrados com um campeonato mundial de futebol, mas apenas isso: "inúmeros 'cegos'". Então, não é a competição que "cega" a todos, e sim, grande parte já se encontra "cega" há muito tempo, e por isso não consegue notar a importância das eleições em suas vidas. Real inversão de valores! Por que isso? Será consequência de uma manipulação de massa? Resquícios de um regime escravocrata, ou coronelista? Será ainda a necessidade "do pão e do circo"?!...
ACORDE!!!
Como dito, anteriormente, os quatro anos de preparação para uma copa se resolvem em poucos meses, já os poucos meses de preparação para uma eleição terão consequências pelos próximos quatro anos, no mínimo! Tais consequências não são efêmeras como as de um jogo perdido, em que "chorou, passou", pelo contrário, podem, sim, deixar "estragos" e marcas por gerações... marcas de fome, miséria, violência... sofrimento!
Assim, as pessoas deveriam se sentir como verdadeiros torcedores, torcedores do Brasil, de um Estado-Membro ou do Distrito Federal, e perceber que cada decisão tomada pelas lideranças ou representantes é (tão ou?!) mais importante que um jogo de copa do mundo.
A grande vantagem é que: NAS ELEIÇÕES, VOCÊ PODE ESCOLHER QUEM VAI "JOGAR"! E lembre-se: AINDA HÁ TEMPO PARA SE APROFUNDAR!
VOTE CONSCIENTE!!!
1 Contabilista, pela EFVG; Psicólogo, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Especialista em Educação, pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; Acadêmico do 5º do curso de Direito, pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; Pós-graduando em Libras, pela SOCIESC. Servidor público estadual.
Primeira publicação: publicação impressa em JORNAL VOZ ACADÊMICA. UEMS. Informativo Universitário. Ano I. Agosto de 2010. Paranaíba-MS.